quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Capítulo 2 / Parte 1- O Casamento que vc sempre quis

Jill entrou em meu consultório com um sorriso no rosto. Depois de nos cumprimentarmos, perguntei:
__ O que a traz aqui hoje?
Neste ponto, o sorriso desapareceu e ela começou a chorar.
__ Não sei __disse. __Há tantas coisas. Algumas vezes me sinto muito mal. É o meu casamento. Parece que eu e Bob não nos compreendemos. Passamos grande parte do tempo discutindo. Há dias em que até penso em desistir
__Quais são as questões que levam vocês a discutir?
__Uma porção de coisas__respondeu. __Sinto que Bob não quer fazer esforço nenhum para me agradar. Ele me ajuda muito pouco com as crianças e quase não faz nada em casa. Diz que o emprego suga todas as suas energias, mas eu também trabalho o dia todo. No sábado, ele diz que precisa jogar golfe para se recuperar do estresse da semana. Acho que eu também deveria fazer algo para me distrair, mas não posso. Alguém precisa cuidar das crianças e limpar a casa. Se ele me ajudasse, nós dois talvez pudéssemos ter algum tempo livre.
Duas semanas depois desse desabafo, conversei com Bob. Perguntei a ele:
__ Como você descreveria os problemas de seu relacionamento com Jill?
__Ela é muito exigente__alegou. __Quando nos casamos pensei que estava deixando minha mãe, mas ela é ainda pior. Para ela, nada do que eu faço é suficiente. Se passo o aspirador no chão, ela quer saber por que não dobrei as roupas. De acordo com o que ela diz, não sou um bom marido, por isso quase desisti de tentar. Além disso, quase não temos intimidade.
__Você quer dizer sexo? __indaguei.
__Isso mesmo. Desde que as crianças nasceram, acontece talvez duas vezes por ano. Não acho que o casamento deva ser assim, mas parece que não consigo que ela compreenda meu ponto de vista.
Jill e Bob têm um problema sério de relacionamento. Mas cada um o descreve em termos do comportamento do cônjuge. Ambos acreditam que, se o outro mudasse, eles poderiam ter um bom casamento. Os dois estão dizendo essencialmente a mesma coisa: "Meu problema é meu marido (ou minha esposa). Até que sou uma pessoa legal, mas meu parceiro me faz infeliz." O padrão é sempre o mesmo. Despejamos nossos sentimentos contra nosso cônjuge, descrevendo nossos problemas a partir da falha deles.
Quando aconselho casais, costumo oferecer papel e lápis a eles e pedir que escrevam coisas que não gostam sobre seu parceiro.
Você deveria ver as listas. Alguns até pedem mais papel. Escrevem furiosamente e com liberdade. Depois, um pouco mais tarde, peço que listem o que acham ser suas próprias fraquezas. A reação é divertida. Quase sempre podem pensar numa falha na hora e a colocam no papel. Depois, precisam parar realmente para pensar antes de acrescentar uma segunda falha. Alguns nunca a encontram. Não é surpreendente? Só uma coisinha errada comigo (ou, no máximo, três ou quatro), mas meu parceiro tem dezenas de defeitos.

ENCONTRANDO DEFEITOS EM VOCÊ
Raciocinamos assim: "Se meu cônjuge pudesse ser colocado na linha, nosso casamento seria feliz."E então resmungamos, nos exasperamos, exigimos, choramos, nos afastamos, nos desesperamos... tudo em vão. Meu cônjuge não muda e, portanto, estou destinado à infelicidade. Não creia nisso. Seu casamento tem condições de melhorar, e isto pode começar hoje, não importa a atitude do seu parceiro.
Há uma estratégia para o aperfeiçoamento, ensinada por Jesus e registrada em Mateus 7:1-5. Na seguinte citação, estou substituindo "irmão"por "parceiro" a fim de que possamos observar o princípio em ação no casamento.
Não julguem, para que vocês não sejam julgados [...] Por que você repara no cisco que está no olho do seu parceiro, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu parceiro: "Deixe-me tirar o cisco do seu olho", quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu parceiro.
Por favor, não me compreenda mal. Não estou chamando ninguém de hipócrita. Citei simplesmente um princípio mencionado por Jesus. Ele está dizendo que se alguém tenta melhorar seu casamento fazendo o parceiro mudar (se esforçando para tirar o cisco do olho dele), as energias estão sendo gastas da maneira errada. O ponto por onde começar é com nossas falhas (a tábua ou a viga em nosso olho). Não estou sugerindo que o parceiro não tenha fraquezas ou faltas. O que quero dizer é que o ponto de partida não é lidar com os defeitos do cônjuge. A primeira pergunta para qualquer de nós que se encontre no meio de uma tempestade conjugal ;e: O que há de errado comigo? Quais são as minhas falhas?
Essa forma de abordar o problema pode parecer estranha a você, pois, afinal de contas, seu parceiro é 95% do problema, certo? Você não é perfeito, mas sua falha é mínima. Certamente não passa de 5%. Vamos supor que isso seja verdade, embora a porcentagem possa mudar conforme você parar para refletir. Mesmo que você seja 5% do problema, a chave para o aperfeiçoamento está com você. Jesus disse: "Tire primeiro a viga do seu olho".
Qual o mecanismo para isto? Como você faz para remover uma "viga"do seu olho? Sugiro que fique a sós com Deus, preferencialmente num lugar onde possa falar em voz alta. (Se realmente sente forte hostilidade em relação ao seu parceiro, talvez prefira fazer uma lista prévia por escrito das falhas dele ou dela. Isto pode ajudar a deixar a pessoa psicologicamente livre para poder lidar com os próprios defeitos.)

PREPARANDO UMA LISTA
Agora, a sós com Deus, pergunte simplesmente: "Senhor, o que há de errado comigo? Quais são os meus pecados? Sei que meu cônjuge tem muitos, e já coloquei todos eles no papel, mas agora o que quero saber é quais são os meus pecados". Deixe o lápis e o papel preparados, pois esta é uma oração a que Deus vai responder. Faça uma lista dos seus pecados.
Você pode descobrir o pecado da amargura, que é condenado em Efésios 4:32: "Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade". É bem provável que seu parceiro tenha provocado sua atitude negativa, mas foi você que permitiu que a amargura se desenvolvesse. É sempre errado sentir amargura contra uma das criaturas de Deus.
É possível que você descubra em si o pecado da insensibilidade, o qual contraria o mandamento de Efésios 4:32: "Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim com Deus os perdoou em Cristo". "Só que meu parceiro não incentivou a bondade em mim", você argumenta. Tudo bem, pode até ser verdade, mas é você quem decide ser bondoso ou não. A ausência de bondade é sempre uma atitude errada para o cristão.
Talvez descubra falta de amor por seu parceiro. Discutiremos isto com mais profundidade no capítulo 3, mas permita-me dizer aqui que o amor descrito em 1Coríntios 13 é mais um ato ou uma atitude do que uma emoção. "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor" (v.4-5). Quando você deixa de mostrar amor pelo parceiro, então pecou.
O Espírito Santo pode fazê-lo lembrar-se de muitos pecados. Escreva todos, um por um, até que não consiga lembrar de mais nenhum. Em seguida, abra a Bíblia e leia 1João 1:9: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça". Ao preparar sua lista, você confessou o seu pecado, pois concordou com Deus que essas coisas em sua vida estão erradas.

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